terça-feira, 28 de julho de 2009

Drawin e Economia

Este ano se comemora os 200 anos de nascimento do cientista britânico Charles Darwin e dos 150 anos da Teoria da Evolução. Até hoje a idéia desenvolvida por Darwin – e por Alfred Wallace – causa arrepios em muita gente, ganhando tantos adeptos quanto inimigos. A discussão entre evolucionistas e criacionistas é uma verdadeira guerra fria, que dificilmente chegará a um acordo. Na teoria econômica, muitas das idéias desenvolvidas no campo do evolucionismo foram aplicadas por grandes nomes do pensamento econômico em diferentes áreas, como Marx e Schumpeter. Este último, criou a o conceito de Destruição Criativa ou Destruição Criadora em economia em seu livro Capitalismo, Socialismo e Democracia (1942). Este conceito descreve o processo de inovação, em que novos produtos e empresas destróem empresas velhas e antigos modelos de negócios. Para Schumpeter, as inovações dos empresários são a força motriz do crescimento econômico sustentado a longo prazo.
Numa entrevista concedida ao portal G1, o economista da Universidade de Cornell (EUA) Robert H. Frank, explicita exemplos de aplicação do Darwinismo dentro do campo econômico e aponta saídas para a atual crise financeira mundial.

Clique aqui e leia a entrevista na íntegra.

domingo, 26 de julho de 2009

Dica de Leitura: Freakonomics

O livro Freakonomics - O lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta é uma coletânea de estudos do economista Steven Levitt, Ph.D. pelo MIT, em parceria com o jornalista Stephen J. Dubner. A obra defende teses polêmicas, entre elas a de que a legalização do aborto seria a grande responsável pela redução das taxas de criminalidade em Nova Iorque.

O próprio nome Freakonomics - que quer dizer algo como "economia excêntrica", segundo a responsável pela tradução da obra - contribui para que o livro mostre a que veio. Levitt tem uma linha de pensamento diferente da maioria dos economistas e, apesar de em Freakonomics ele seguir uma tendência tradicional atualmente em Economia – a de aplicar princípios econômicos às mais variadas situações da vida cotidiana – o livro não fica limitado a isso.
Situações cotidianas são confrontadas pelos autores, e idéias simples, convenientes e confortadoras, tidas como verdadeiras pela sociedade, são postas em dúvida.
No primeiro capítulo, as origens da corrupção são discutidas. No segundo, os autores debatem problemas decorrentes de assimetria de informação. No terceiro, levanta-se uma outra questão: por que os traficantes de drogas, apesar de estarem em uma atividade altamente rentável, ainda têm um baixo padrão de vida?
O quarto capítulo é o mais polêmico: é o que defende a tese de que o aborto legalizado seria o grande responsável pela diminuição da criminalidade em Nova Iorque, e não fatores como a existência de uma economia mais forte, o aumento do número de policiais, a implementação de estratégias policiais inovadoras ou as mudanças no mercado de drogas. Os autores argumentam que filhos indesejados teriam maior probabilidade de se tornarem criminosos, pelas condições precárias de vida a que estariam sujeitos durante sua criação.

Críticas sobre a teoria do Aborto

A teoria sobre o aborto, por tratar de um tema tão delicado, é constantemente alvo de críticas. Levitt não se esquiva delas e sempre responde: "Eu penso que é exatamente assim que a ciência deve trabalhar, com teorias controversas sendo cutucadas e instigadas a provar sua robustez".
Levitt faz questão de deixar claro que não faz nenhum tipo de julgamento de valor a respeito da questão. Seu trabalho é desenvolvido do ponto de vista de um pesquisador que apenas tenta explicar os fenômenos que observa.
As críticas mais importantes ao seu trabalho vieram de outros cientistas: Christopher Foote e seu assistente Christopher Goetz, dois economistas da Federal Reserve de Boston apontaram um erro relacionado aos dados utilizados de prisões efetuadas no período estudado. O fato de Levitt ter usado o número total de prisões ao invés do número de prisões per capita supervalorizaria a influência do aborto. Levitt, em tempo, reconheceu o erro e ajustou suas equações para os novos valores, isto porém, não reduziu tão drasticamente a influência do aborto, apesar de menor ela continua existindo e sendo estatisticamente importante na redução da criminalidade.

O Índice Big Mac

O Big Mac provavelmente é um dos sanduíches mais popualres do mundo, tanto é verdade que é comercializado desde 1968 pela rede de fast-food Mc Donald's em mais de 100 países e alcança a expressiva marca de mais de 550 milhões unidades vendidas anualmente em todo mundo!
Tendo em vista a sua popularidade ao redor do mundo e que sua receita não se altera nos mais de 30 mil estabelecimentos ao redor mundo (dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola, picles num pão com gergelim), a conceituada revista britânica The Economist criou em 1986 o índice Big Mac.
Esse índice baseia-se na Teoria da Paridade do Poder de Compra das moedas, que é o quanto uma determinada moeda pode comprar em termos internacionais (normalmente dólar), já que bens e serviços têm diferentes preços de um país para outro, ou seja, relaciona o poder aquisitivo de uma pessoa com o custo de vida em determinado local, se ela consegue comprar tudo o que necessita com seu salário, ou seja, a intensão do índice é medir o grau de sobre ou subvalorização de uma moeda em relação ao dólar americano, comparando os preços do Big Mac nos Estados Unidos com o preço do Big Mac do país no qual se pretende comparar a moeda.
Por exemplo, na tabela do ano de 2009, o preço do Big Mac brasileiro em reais é de R$ 8,02 e convertido em dólares é US$ 3,45 (ou seja, uma taxa de câmbio de R$ 2,32/US$) . Já o preço do Big Mac nos Estados Unidos é US$ 3,54. Assim, constata-se que o Big Mac brasileiro está cerca de 2% mais barato que o americano, ou seja, como na teoria o Big Mac é o mesmo produto em ambos os países, a moeda brasileira possui uma subvalorização de 2% em termos de poder de compra em relação ao dólar americano.
Abaixo segue a tabela elaborada pela revista em 2009 comparando o preço do Big Mac de diferentes países com o preço do Big Mac americano.
Clique na tabela abaixo para ampliá-la.


sexta-feira, 17 de julho de 2009

Roberto Campos no programa Roda Viva - 1997

Ex-diplomata, ex-minsitro e ex-deputado federal, o economista Roberto Campos foi sem dúvida um dos principais nomes do pensamento econômico brasileiro e por alguns, é considerado o maior liberal brasileiro. Enfim, definições a parte, este trecho extraído do programa da TV Cultura em 1997 traz uma discussão entre Roberto Campos e Marco Aurélio Garcia, aquele mesmo que ficou conhecido por fazer gestos "desrespeitosos e inapropriados para o momento" no episódio da queda do avião da TAM em 2006 quando ainda era assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais.
Os assuntos do debate vão dos governos militares à questões relativas as privatizações no Brasil.

Cique aqui para assistir ao vídeo.

Seria David Bowie o principal "culpado" pela atual crise?!

Com o estourar da recente crise financeira mundial, muito se especula sobre suas origens, efeitos e, principalmente, cada vez mais economistas, analistas e jornalistas se perguntam sobre a identidade de seus eventuais culpados.
Claro que não é uma tarefa simples de se responder e muito menos essa postagem tem a pretensão de desvendar tal assunto, mas no começo do ano vi algumas matérias de jornais ingleses e americanos especulando certa e substancial parcela de responsabilidade a um dos maiores ícones do rock de todos os tempos: David Bowie. Vejamos o porquê.
Evan Davis, colunista econômico da BBC, publicou um artigo no jornal Daily Mirror de 13 de janeiro de 2009 em que aponta o cantor inglês David Bowie como culpado pela crise econômica que assola o mundo nos últimos tempos.
"Ele sempre foi um lançador de tendências. Mas poderia David Bowie ter causado o mais recente mal da nação - a bancarrota do crédito?", pergunta o jornalista. "Isso pode soar uma pergunta ridícula, mas não é tão doida quanto parece. Até mesmo quando se pensa em finanças Bowie abriu caminhos - lá em 1997 ele fez algo chamado ‘securitização'".

Prevendo que teria pela frente vários anos de dinheiro entrando por causa dos direitos autorais, Bowie criou títulos (Bowie Bonds) que daria porcentagens de seus royalties a quem os adquirisse. Com isso, o cantor veria entrar muito um montante de grana agora, do que esperar dez anos de verbas pingando em sua conta. "Os bancos compraram a idéia. Eles pensaram ‘temos bilhões em hipotecas que vamos receber aos poucos. Porque não as vendemos e conseguimos o dinheiro agora?", explica Davis.

Empréstimos compulsivos:
Então os bancos começaram a fazer, guardadas as gigantescas proporções, o que Bowie fez. "Por exemplo, um banco empresta 100 mil libras para uma hipoteca, e faz o mesmo para dez mil pessoas. Eles teriam emprestado um bilhão, a serem recebidos de volta em 25 anos". O que os bancos fizeram foi criar títulos, um papel que diz que seus donos terão direito a parte dessa receita. É a venda da "seguridade".

Chega 2008 e a crise estoura quando, depois de os bancos venderem esses títulos até para si mesmo, começa a se perceber nos EUA que muita gente não teria como pagar as tais hipotecas. Os títulos despencaram de valor, e surge a bancarrota do crédito. Os bancos, falidos, não emprestam mais, então não há dinheiro na economia: recessão. "Era fashionable quando David Bowie fez isso. Dez anos depois não é mais", finaliza Davis.

Personagens do mercado: a saga dos Hunt, de magnatas do petróleo a reis da prata

Roberto Altenhofen Pires Pereira
17/07/09
http://web.infomoney.com.br/

Na década de 1960, Nelson Bunker Hunt circulava como o homem mais rico do mundo. Bunker acumulava uma fortuna de aproximadamente US$ 16 bilhões, algo absurdo para a época. Um dos herdeiros do lendário H. L. Hunt, magnata texano do petróleo, Bunker havia movimentado ainda mais do que a fortuna de seu pai lhe proporcionara.
Apesar das raízes no petróleo, a saga de Nelson Bunker e seus irmãos William e Lamar aponta para outra matéria-prima. Em 1973, os irmãos Hunt começaram a investir em prata para se proteger da tendência de desvalorização do dólar. Como o investimento em ouro não era permitido nos Estados Unidos na época, os Hunt se juntaram a um grupo de investidores árabes e chegaram a adquirir quase metade do suprimento global do metal precioso.

Mais que hedge

Mas vamos partir do princípio. Pelo legado de seu pai, Nelson começou no setor de petróleo. Se destacou pelas descobertas de campos de exploração na Líbia, que posteriormente seriam nacionalizados por Muammar al-Gaddafi.
Mais que os esforços em petróleo, Nelson Bunker possuía uma veia nos investimentos. Sua atividade como especulador sobrepujava necessidades meramente de hedge nos mercados. Seu foco na prata começou a tomar proporções assustadoras quando criou um fundo de investimentos em união com seus irmãos, dois xeiques árabes e um investidor saudita.

Com o mercado na mão

intenção era guiar o mercado da commodity. E foi o que aconteceu. Os primeiros investimentos dos Hunt pegaram a cotação da onça em US$ 1,95, em 1973. Com a continuidade das compras, o preço do metal já figurava em US$ 5 no início de 1979. O salto mais impressionante ocorreu na entrada da década de 1980, em que o valor da onça passou para US$ 50 e atingiu seu pico de US$ 54 logo no início de 1980.
A história dos Hunt é muito lembrada por correlações interessantes com o momento atual dos mercados. Naquela época, a onda de especulação na prata escondia um cenário de pouca regulação dos mercados, que exigia uma legislação mais específica para evitar episódios exatamente como o dos Hunt.
Quando levaram a prata para US$ 54 por onça, os irmãos texanos detinham cerca de 200 milhões de onça do metal estocados, ou seja, poderiam controlar o fornecimento do insumo, tendo em vista que esta quantidade representava metade da oferta de prata disponível em todo o mundo na época.

A queda

Os Hunt e os árabes lucraram centenas de milhões de dólares com o mercado da commodity. O investidor Naji Nahas, que atuava no mercado brasileiro, foi apontado por sua relação com os investimentos da família Hunt. Os reguladores não viram outra saída senão frear o reinado dos irmãos.
Foram criadas diversas regras contra operações alavancadas e os preços começaram a embutir a incerteza dos investidores. Quando os Hunt não se mostraram capazes de cumprir com suas obrigações, o pânico se instaurou no mercado.
Daqueles US$ 54, a onça da prata caiu gradativamente até chegar a US$ 21,6, em março de 1980. Quando o preço dos contratos futuros chegou abaixo da margem mínima requerida, uma chamada de margem de US$ 100 milhões não foi atendida pelos Hunt. Com a notícia, a cotação da prata caiu 50% no dia 27 de março daquele ano, a chamada Silver Thursday. Quando os Hunt liquidaram suas posições, a prata era negociada a cerca de US$ 10 a onça.
Para evitar o pior, um consórcio de bancos norte-americanos forneceu uma linha de crédito de US$ 1,1 bilhão aos Hunt. A fortuna da família conseguiria sobreviver ao episódio, mas em 1988, os Hunt declararam recuperação judicial.

Sempre mais

A especulação no mercado de prata comprometeu a história de uma das mais famosas famílias de magnatas dos Estados Unidos, mas apesar dos prejuízos, dos processos, da recuperação judicial, os Hunt seguem entre as grandes fortunas do mundo, mesmo que em proporções bem menores. Depois desta história toda, os Hunt ainda possuíam participação em cerca de 200 fundos, companhias e parcerias.
Em matéria de 1987, o historiador texano A.C. Greene definiu como é fazer parte da família Hunt: "você nunca está rico o bastante".

A problemática do Lixo: Uma visão de Mercado

Walter Block, em seu clássico "Defendendo o Indefensável", faz uma distinção entre lixo público e lixo privado. Para ele, o problema do lixo só existe em ambientes controlados pelo Estado. O lixo que alguém deixa em cima da mesa de um restaurante, por exemplo, não é considerado um problema; a mesma coisa vale para o lixo deixado em um estádio de futebol; e até mesmo para o lixo de um hospital. Apesar de cada ambiente ter um "nível de lixo" tolerável pelos consumidores de seus produtos, eles não têm o problema do lixo que as vias públicas, parques e praias enfrentam devido à impossibilidade de entender o quanto de lixo as pessoas demandam. E isso acontece porque não existe um sistema de transmissão de informações via o mercado, ou seja, um sistema de preços.

Quando há um sistema de preços para informar as preferências das pessoas, esse problema não acontece. Atualmente, é uma tarefa árdua encontrar algum grande evento que não tem entre seus organizadores uma empresa de gestão , para garantir que os melhores processos para reduzir o impacto ambiental estejam sendo aplicados.

Pouco importa ser o resultado final é um maior impacto ambiental (isso pode acontecer devido ao custo da fabricação e utilização de tecnologias mais "limpas"); o que importa é que os consumidores dessas festas demandam esse comportamento dos organizadores - como é revelado por pesquisas de mercado - e como empresários bem sucedidos são os que atendem os consumidores em seus menores caprichos, esse comportamento é recorrente nesse meio.

Interessante ainda é ver na prática as empresas contratando certificadores privadas (com fins lucrativos) para atestar que os eventos são "sustentáveis"; e não é porque estão contratando este serviço que eles vão decidir o laudo que a empresa vai emitir. Isso acontece porque se a certificadora emite um laudo incorreto, a falência é certa. O "produto" dessas empresas certificadoras é a sua reputação, por isso, o valor do suborno será sempre menor que o custo do dano à marca.

Um problema mais grave em relação ao lixo é a coleta realizada pelas prefeituras em todo o Brasil. Um problema que não é técnico e sim estrutural, ligado ao modelo "socialista" adotado.

Essa socialização do lixo existente origina diversos problemas, como o incentivo a produção de lixo, desincentivo a separação e reciclagem, mal cheiro nas vias públicas devido à acomodação do lixo até o horário da coleta e alto custo do serviço.

O incentivo à produção de lixo tem relação com o alto custo do serviço. Como independente da quantidade de lixo jogado o valor pago é o mesmo, porque então evitar produzir lixo? O alto custo já é decorrente da gestão dessa coleta, porque o Estado não tem nenhuma capacidade de administrar algo; além disso, por ser um monopólio, porque melhorar a qualidade do serviço e utilizar novas técnicas se isso não faz diferença para nenhum dos administradores?

Então, como podemos mudar isso? A solução é simples. Primeiramente todo o sistema de coleta de lixo coletivo estatal deve ser abolido. Isso quer dizer que as pessoas não terão aonde jogar o seu lixo e teremos mais doenças? Claro que não. Em pouquíssimo tempo diversas empresas vão começar a oferecer o serviço de coleta de lixo em casa o que vai reduzir os preços. Provavelmente as empresas pensando em maximizar seus lucros vão incentivar com campanhas - ou até mesmo financeiramente - a separação do lixo para o maior reaproveitamento possível.

Mesmo não tendo muito conhecimento dos fins que podem ser dados a todos os materiais, é de conhecimento geral a possibilidade de total reaproveitamento de plásticos, alumínio, cobre, vidros e até mesmo lixo orgânico, que pode ser usado para gerar energia; além de emitir uma quantidade muito menor de gases do que se o lixo simplesmente ficasse em decomposição em aterros sanitários. Outro ponto positivo é que nesse cenário, os aterros sanitários receberão uma pequena quantidade de resíduos e serão tratados de maneira mais adequada, pois a imprensa ou até mesmo uma empresa certificadora ficarão atentos e avisarão aos consumidores quando não for dado tratamento adequado, o que resultará na quebra da credibilidade e queda na demanda pelos serviços das empresas que não cumprirem com aquilo que firmarem em contrato com seus clientes.

A solução restante é flexibilizar as regulamentações e finalmente, removê-las completamente. Pois enquanto elas existirem, menos empresas de certificação privada serão criadas e mais danos o meio ambiente sofrerá.

Você quer um mundo ambientalmente sustentável? Desestatize o lixo!

Créditos: Instituto Ludwig von Misses Brasil (http://www.mises.org.br/Default.aspx)