Na teoria do Investimeto Estrangeiro Direto, também conhecido pela sigla IED, muitas variáveis devem ser levadas em conta no momento em que se avalia a viabilidade de um projeto de invesimento produtivo ou financeiro em determinado país. Como exemplo, alguns dos principais aspectos que devem integrar a pauta de estudos especifícos são: o grau de movimentação que esse capitais poderão incorrer futuramente (abertura da Conta Capital do Balanço de Pagamentos); existência de regulamentação jurídica específica, de garantias institucionais e de órgãos reguladores eficientes; preferência à governos estáveis; atenção à fatores políticos diversos; cultura interna de respeito ao cumprimento de contratos; tamanho e importância do mercado interno deste país (fundamental para algumas modalidades de investimentos produtivos, como a indústria automobilística); a dinâmica das políticas cambial, monetária e fiscal e, talvez uma das variavéis mais importantes deste processo, o potencial de retorno sobre o capital.
Por mais promissor que o destino da aplicação seja, o capital estrangeiro dificilmente diferencia emergente de emergente. Apesar de algumas economias em desenvolvimento serem apontadas entre as de maior potencial para superar a crise, seu histórico recente é esquecido diante de qualquer ameaça.
Inúmeros exemplos exemplificam que, em tempos de globalização, quando a situação complica para alguma economia menos madura seus vizinhos também sofrem. Mais recentemente, a Argentina proveu um desses exemplos, de que riscos ainda são avaliados de forma semelhante para os emergentes, independente de suas diferenças.
A seguir, listarei na íntegra exemplos encontrados num recente artigo de Roberto Altenhofen Pires Pereira, do portal InfoMoney.
Argentina protagonista
O caso mais recente é do ano passado. No meio da avalanche da crise, as referências vindas de Wall Street já fadavam as bolsas internacionais a um 22 de outubro negativo. Ainda assim, a economia norte-americana foi coadjuvante naquele pregão, cuja protagonista foi a Argentina.
Apesar da perspectiva negativa do dia, as bolsas de países emergentes apresentaram perdas bem mais abruptas. Foi o pregão da fuga do investidor estrangeiro, afastado pela proposta de estatização dos fundos de pensão pela presidente argentina Cristina Kirchner.
O medo de default (calote) na Argentina não poupou um olhar desconfiado para o restante das nações em desenvolvimento. O índice Merval da Bolsa de Buenos Aires encerrou aquela sessão com queda de 10,11%, após a baixa de 10,99% registrada um dia antes, quando a possibilidade da estatização foi levantada.
Fuga do estrangeiro
Refletindo a ausência dos fundos de pensão, conhecidos com AFJP na Argentina, foram movimentados apenas P$ 109,91 milhões na bolsa, o equivalente a cerca de US$ 34 milhões. Pelo mundo, o capital estrangeiro fugiu de qualquer que fosse o emergente, na desconfiança de que se a crise era pesada para os desenvolvidos, o que dizer das economias menos maduras.
Naquele 22 de outubro, o Ibovespa registrou giro de R$ 4,42 bilhões, dentro de seus padrões de normalidade, mas todo voltado às vendas. O índice brasileiro teve seus negócios paralisados no meio da tarde pelo sistema de Circuit Breaker e, após sua reabertura, encerrou o pregão marcando queda de 10,18%, a 35.069 pontos.
Para se ter uma ideia, as preocupações acerca da economia argentina fizeram com que o risco-Brasil disparasse 139 pontos, para 677 pontos-base - maior patamar desde junho de 2004.
Moratória e crise do Peso
Os exemplos são históricos. Outros casos famosos colocam o México como o gatilho da fuga dos estrangeiros. A citação clássica é da moratória mexicana de 1982. Com a desconfiança externa, aquele episódio custou boa parte das reservas brasileiras, que foram queimadas com o intuito de mostrar para o restante do mundo que o Brasil honrava suas dívidas.
O episódio ainda promoveu uma maxidesvalorização de 30% do cruzeiro no Brasil, que precisava incentivar exportações e desestimular as importações, atraindo capital estrangeiro.
Outro caso memorável é a crise do peso mexicano em dezembro de 1994. Um plano de reformas lançado em 1987 estipulava limites à oscilação do peso frente ao dólar. No entanto, o final do mandato do então presidente Carlos Salinas de Gortari levava à disputa por seu sucessor.
Assassinatos no México
Em março de 1994, o candidato da situação à presidência mexicana foi assassinado, provocando uma onda de preocupação de que o governo pudesse desvalorizar a moeda, contrariando o que havia prometido.
A resposta foi um ataque especulativo ao peso. No final de setembro, outro assassinato político dominou os noticiários do país. A morte de José Francisco Ruiz Massieu, secretário-geral do Partido da Revolução Institucional e ligado ao presidente, ampliou a desconfiança em relação à alta cúpula do governo local. Os assassinatos destruíram a credibilidade do país com instituições financeiras internacionais.
Efeito tequila
Com o ataque especulativo, a situação do peso ficou insustentável e o governo ampliou a banda de flutuação da moeda, o que disseminou uma fuga dos investidores estrangeiros. O peso se desvalorizou em cerca de 15% e, em 20 de dezembro de 1994, a Bolsa mexicana despencou 23%.
Entre 20 e 29 de dezembro daquele ano, aproximadamente US$ 8 bilhões deixaram o país; como consequência, o peso se desvalorizou 40% em uma semana. A crise do México se espalhou para diversos países do mundo, cujas moedas se desvalorizavam no chamado "efeito tequila".
Em menos de 3 meses, a bolsa mexicana registrou queda de 48% e o mercado brasileiro sentiu. Caiu 35% nesse período, anulando os ganhos obtidos desde a implementação, em julho de 1994, do Plano Real.
Por mais promissor que o destino da aplicação seja, o capital estrangeiro dificilmente diferencia emergente de emergente. Apesar de algumas economias em desenvolvimento serem apontadas entre as de maior potencial para superar a crise, seu histórico recente é esquecido diante de qualquer ameaça.
Inúmeros exemplos exemplificam que, em tempos de globalização, quando a situação complica para alguma economia menos madura seus vizinhos também sofrem. Mais recentemente, a Argentina proveu um desses exemplos, de que riscos ainda são avaliados de forma semelhante para os emergentes, independente de suas diferenças.
A seguir, listarei na íntegra exemplos encontrados num recente artigo de Roberto Altenhofen Pires Pereira, do portal InfoMoney.
Argentina protagonista
O caso mais recente é do ano passado. No meio da avalanche da crise, as referências vindas de Wall Street já fadavam as bolsas internacionais a um 22 de outubro negativo. Ainda assim, a economia norte-americana foi coadjuvante naquele pregão, cuja protagonista foi a Argentina.
Apesar da perspectiva negativa do dia, as bolsas de países emergentes apresentaram perdas bem mais abruptas. Foi o pregão da fuga do investidor estrangeiro, afastado pela proposta de estatização dos fundos de pensão pela presidente argentina Cristina Kirchner.
O medo de default (calote) na Argentina não poupou um olhar desconfiado para o restante das nações em desenvolvimento. O índice Merval da Bolsa de Buenos Aires encerrou aquela sessão com queda de 10,11%, após a baixa de 10,99% registrada um dia antes, quando a possibilidade da estatização foi levantada.
Fuga do estrangeiro
Refletindo a ausência dos fundos de pensão, conhecidos com AFJP na Argentina, foram movimentados apenas P$ 109,91 milhões na bolsa, o equivalente a cerca de US$ 34 milhões. Pelo mundo, o capital estrangeiro fugiu de qualquer que fosse o emergente, na desconfiança de que se a crise era pesada para os desenvolvidos, o que dizer das economias menos maduras.
Naquele 22 de outubro, o Ibovespa registrou giro de R$ 4,42 bilhões, dentro de seus padrões de normalidade, mas todo voltado às vendas. O índice brasileiro teve seus negócios paralisados no meio da tarde pelo sistema de Circuit Breaker e, após sua reabertura, encerrou o pregão marcando queda de 10,18%, a 35.069 pontos.
Para se ter uma ideia, as preocupações acerca da economia argentina fizeram com que o risco-Brasil disparasse 139 pontos, para 677 pontos-base - maior patamar desde junho de 2004.
Moratória e crise do Peso
Os exemplos são históricos. Outros casos famosos colocam o México como o gatilho da fuga dos estrangeiros. A citação clássica é da moratória mexicana de 1982. Com a desconfiança externa, aquele episódio custou boa parte das reservas brasileiras, que foram queimadas com o intuito de mostrar para o restante do mundo que o Brasil honrava suas dívidas.
O episódio ainda promoveu uma maxidesvalorização de 30% do cruzeiro no Brasil, que precisava incentivar exportações e desestimular as importações, atraindo capital estrangeiro.
Outro caso memorável é a crise do peso mexicano em dezembro de 1994. Um plano de reformas lançado em 1987 estipulava limites à oscilação do peso frente ao dólar. No entanto, o final do mandato do então presidente Carlos Salinas de Gortari levava à disputa por seu sucessor.
Assassinatos no México
Em março de 1994, o candidato da situação à presidência mexicana foi assassinado, provocando uma onda de preocupação de que o governo pudesse desvalorizar a moeda, contrariando o que havia prometido.
A resposta foi um ataque especulativo ao peso. No final de setembro, outro assassinato político dominou os noticiários do país. A morte de José Francisco Ruiz Massieu, secretário-geral do Partido da Revolução Institucional e ligado ao presidente, ampliou a desconfiança em relação à alta cúpula do governo local. Os assassinatos destruíram a credibilidade do país com instituições financeiras internacionais.
Efeito tequila
Com o ataque especulativo, a situação do peso ficou insustentável e o governo ampliou a banda de flutuação da moeda, o que disseminou uma fuga dos investidores estrangeiros. O peso se desvalorizou em cerca de 15% e, em 20 de dezembro de 1994, a Bolsa mexicana despencou 23%.
Entre 20 e 29 de dezembro daquele ano, aproximadamente US$ 8 bilhões deixaram o país; como consequência, o peso se desvalorizou 40% em uma semana. A crise do México se espalhou para diversos países do mundo, cujas moedas se desvalorizavam no chamado "efeito tequila".
Em menos de 3 meses, a bolsa mexicana registrou queda de 48% e o mercado brasileiro sentiu. Caiu 35% nesse período, anulando os ganhos obtidos desde a implementação, em julho de 1994, do Plano Real.
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