quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Investimento Estrangeiro Direto: A dificuldade da análise diferenciada de economias emergentes


Na teoria do Investimeto Estrangeiro Direto, também conhecido pela sigla IED, muitas variáveis devem ser levadas em conta no momento em que se avalia a viabilidade de um projeto de invesimento produtivo ou financeiro em determinado país. Como exemplo, alguns dos principais aspectos que devem integrar a pauta de estudos especifícos são: o grau de movimentação que esse capitais poderão incorrer futuramente (abertura da Conta Capital do Balanço de Pagamentos); existência de regulamentação jurídica específica, de garantias institucionais e de órgãos reguladores eficientes; preferência à governos estáveis; atenção à fatores políticos diversos; cultura interna de respeito ao cumprimento de contratos; tamanho e importância do mercado interno deste país (fundamental para algumas modalidades de investimentos produtivos, como a indústria automobilística); a dinâmica das políticas cambial, monetária e fiscal e, talvez uma das variavéis mais importantes deste processo, o potencial de retorno sobre o capital.
Por mais promissor que o destino da aplicação seja, o capital estrangeiro dificilmente diferencia emergente de emergente. Apesar de algumas economias em desenvolvimento serem apontadas entre as de maior potencial para superar a crise, seu histórico recente é esquecido diante de qualquer ameaça.
Inúmeros exemplos exemplificam que, em tempos de globalização, quando a situação complica para alguma economia menos madura seus vizinhos também sofrem. Mais recentemente, a Argentina proveu um desses exemplos, de que riscos ainda são avaliados de forma semelhante para os emergentes, independente de suas diferenças.
A seguir, listarei na íntegra exemplos encontrados num recente artigo de Roberto Altenhofen Pires Pereira, do portal InfoMoney.

Argentina protagonista

O caso mais recente é do ano passado. No meio da avalanche da crise, as referências vindas de Wall Street já fadavam as bolsas internacionais a um 22 de outubro negativo. Ainda assim, a economia norte-americana foi coadjuvante naquele pregão, cuja protagonista foi a Argentina.
Apesar da perspectiva negativa do dia, as bolsas de países emergentes apresentaram perdas bem mais abruptas. Foi o pregão da fuga do investidor estrangeiro, afastado pela proposta de estatização dos fundos de pensão pela presidente argentina Cristina Kirchner.
O medo de default (calote) na Argentina não poupou um olhar desconfiado para o restante das nações em desenvolvimento. O índice Merval da Bolsa de Buenos Aires encerrou aquela sessão com queda de 10,11%, após a baixa de 10,99% registrada um dia antes, quando a possibilidade da estatização foi levantada.

Fuga do estrangeiro

Refletindo a ausência dos fundos de pensão, conhecidos com AFJP na Argentina, foram movimentados apenas P$ 109,91 milhões na bolsa, o equivalente a cerca de US$ 34 milhões. Pelo mundo, o capital estrangeiro fugiu de qualquer que fosse o emergente, na desconfiança de que se a crise era pesada para os desenvolvidos, o que dizer das economias menos maduras.
Naquele 22 de outubro, o Ibovespa registrou giro de R$ 4,42 bilhões, dentro de seus padrões de normalidade, mas todo voltado às vendas. O índice brasileiro teve seus negócios paralisados no meio da tarde pelo sistema de Circuit Breaker e, após sua reabertura, encerrou o pregão marcando queda de 10,18%, a 35.069 pontos.

Para se ter uma ideia, as preocupações acerca da economia argentina fizeram com que o risco-Brasil disparasse 139 pontos, para 677 pontos-base - maior patamar desde junho de 2004.

Moratória e crise do Peso

Os exemplos são históricos. Outros casos famosos colocam o México como o gatilho da fuga dos estrangeiros. A citação clássica é da moratória mexicana de 1982. Com a desconfiança externa, aquele episódio custou boa parte das reservas brasileiras, que foram queimadas com o intuito de mostrar para o restante do mundo que o Brasil honrava suas dívidas.
O episódio ainda promoveu uma maxidesvalorização de 30% do cruzeiro no Brasil, que precisava incentivar exportações e desestimular as importações, atraindo capital estrangeiro.
Outro caso memorável é a crise do peso mexicano em dezembro de 1994. Um plano de reformas lançado em 1987 estipulava limites à oscilação do peso frente ao dólar. No entanto, o final do mandato do então presidente Carlos Salinas de Gortari levava à disputa por seu sucessor.

Assassinatos no México

Em março de 1994, o candidato da situação à presidência mexicana foi assassinado, provocando uma onda de preocupação de que o governo pudesse desvalorizar a moeda, contrariando o que havia prometido.
A resposta foi um ataque especulativo ao peso. No final de setembro, outro assassinato político dominou os noticiários do país. A morte de José Francisco Ruiz Massieu, secretário-geral do Partido da Revolução Institucional e ligado ao presidente, ampliou a desconfiança em relação à alta cúpula do governo local. Os assassinatos destruíram a credibilidade do país com instituições financeiras internacionais.

Efeito tequila

Com o ataque especulativo, a situação do peso ficou insustentável e o governo ampliou a banda de flutuação da moeda, o que disseminou uma fuga dos investidores estrangeiros. O peso se desvalorizou em cerca de 15% e, em 20 de dezembro de 1994, a Bolsa mexicana despencou 23%.
Entre 20 e 29 de dezembro daquele ano, aproximadamente US$ 8 bilhões deixaram o país; como consequência, o peso se desvalorizou 40% em uma semana. A crise do México se espalhou para diversos países do mundo, cujas moedas se desvalorizavam no chamado "efeito tequila".
Em menos de 3 meses, a bolsa mexicana registrou queda de 48% e o mercado brasileiro sentiu. Caiu 35% nesse período, anulando os ganhos obtidos desde a implementação, em julho de 1994, do Plano Real.

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